O Matador

Embora não haja unanimidade quanto ao total dos golos alcançados, o brasileiro Liedson é já oficialmente o melhor marcador estrangeiro do Sporting, deixando para trás esse fenómeno de eficácia e popularidade que foi Yazalde. Com os três golos agora obtidos frente ao P.Ferreira, o "Levezinho" vai já em 130 golos (129 segundo outras fontes), o que o coloca em 13º lugar da leonina classificação geral comandada por outro gigante do nosso "association" que deu pelo nome de Fernando Peyroteo.

Numa altura em que as tácticas modernas privilegiam cada vez mais os processos defensivos e, por reflexo, tornam problemática a acção dos avançados, não deixa de ser elucidativa a forma como o "31" de Alvalade vai torneando, domingo a domingo, jornada a jornada, todos esses obstáculos que lhe surgem pela frente, somando golos com uma frieza impressionante.Uma situação tanto mais surpreendente quanto é certo que Liedson está longe de corresponder ao arquétipo do avançado clássico (talvez esse conceito, afinal, esteja já ultrapassado), cujo principal argumento assenta num porte atlético que lhe garante vantagem ou, pelo menos, lhe confere largas hipóteses nos duelos que, na frente, mantém com os mais intratáveis defensores.

Assim foi com Peyroteo, assim também aconteceu com o argentino "Chirola", verdadeiros homens de área, poderosos no um-para-um, que obrigavam mesmo a uma redobrada vigilância e consequente fragilização adversária, face ao desequilíbrio então provocado.Já Liedson enquadra-se noutro tipo de executante, embora igualmente eficaz. O avançado do Sporting assenta toda a sua filosofia de jogo na técnica, na subtileza e na movimentação. Três aspectos que, uma vez associados, transformam um aparentemente frágil e pacífico jogador num dos mais temíveis concretizadores do futebol nacional.

O requinte técnico, a leitura de jogo e a velocidade de execução, aliada a uma capacidade de nunca desistir de um lance, somos forçados a concluir que Liedson é mesmo um caso à parte e que muito nos orgulha.